quinta-feira, 2 de setembro de 2010

LOUCURA DA LUA



Uma aragem fria passa e leva o sono,
Carrega os sonhos dos cabelos para além
Do esquecimento, desperto tácito, sem
Anseio. Deitado, permaneço morno.
Perscruto a noite no quarto, as sombras
Deformadas e no firmamento, giganta,
A lua, deitada em brumas, soberana,
No céu brilha em esplendor como jóia,
Estrelas se rendem em face da sua glória.


É como se declamasse um poema épico,
Das primeiras eras... E brilham alucinadas,
As estrelas!Uma cai outra apaga,
Não suportam tal vislumbre mágico!
Eu sim entendo tudo, cada movimento,
Que faz aos meus olhos sonolentos,
Sim, eu entendo quem é! Dos meus amores,
Os que esqueci, há um que eu recordo,
O improvável, o difícil, sofrido,
O seu amor me é mister, doce Ofélia!
Em sonho te vejo! Do céu tu és rainha!


Levanto-me sem retirar os olhos do teatro,
Colossal e magnânimo, e encontro,
Seus olhos, os mesmos, não mudaram,
De um brilho raro como antes brilham,
Como costumava ser, ao luar brilham.
E vendo-a assim tão solene, formosa,
Lembro de como foi injusto o termino,
Da sua vida alegre e luminosa,
Ao desfecho do chuvoso e frio enterro,
Nenhum amor pode ser perfeito na terra,
Nem mesmo com a benção do Eterno.


Os dias foram claros, doloridos demais!
As noites chuvosas, solitárias demais!
O universo conspirava para o meu fim,
Usava meu martírio o meu luto, mais
A falta de alinho que havia em mim,
Deus! Fui eu tão descuidado a tal ponto,
De não poder decifrar o enigma do amor?
De que dotaste-nos desse encosto,
Para da perfeição não sabermos o rumor?
Os dias me marcam a ferro e fogo.


Ah, como seria bom se me chamasses,
Como me chamas assim, nessa hora!
Como seria apropriado se me olhasse agora,
E dessa dor por completo me libertasse!
E das sonatas compostas pelo teu lume,
Poder subir em pontos de vaga-lumes,
Ao céu, ao teu céu, tua casa primorosa!


É possível! Ouço tua voz no vento!
Ofélia! Existe um poema mais bonito de todos,
Encontrasse nele teu nome, teu lamento,
E rápida gira em anéis de fogo,
Eu tento alcançar... Chega de sofrimento...
Caindo eu podia ver seu brilho se afastar,
Vejo o seu banho na varanda à noite,
Tua beleza e o luar me fez sonhar,
Do sexto andar meu corpo toca ao chão,
Encontra o solo meu triste coração,
Feliz minha alma sobe pra te encontrar,
Livre, meu espírito voa pra te encontrar.




tomb

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